Um café cultivado na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), conquistou a pontuação máxima em um importante concurso nacional. Produzido pelo povo Paiter Suruí, o grão da espécie Coffea canephora foi premiado na 6ª edição do Concurso Tribos, realizado em São Paulo.
Os avaliadores elogiaram o aroma doce e intenso do café, destacando notas sensoriais de rapadura e mel. O grão é cultivado na Linha 09, propriedade do cacique Rafael Suruí, e recebeu a avaliação de 50 atributos positivos em 100 possíveis, por um júri de nove especialistas.
A produção de café na TI Sete de Setembro é parte do Projeto Tribos, que beneficia cerca de 160 famílias indígenas em duas terras – Sete de Setembro (Cacoal) e Rio Branco (Alta Floresta d’Oeste) – impactando mais de 1,2 mil pessoas. A iniciativa visa valorizar a agricultura indígena, promovendo a sustentabilidade e o protagonismo dos povos originários no mercado de cafés especiais.
Durante o evento, uma comitiva de produtores Paiter Suruí apresentou o café para convidados, incluindo especialistas do setor e o DJ Alok, que celebrou a cultura e a produção indígena.
Café sem agrotóxicos e sem irrigação
A Terra Indígena Sete de Setembro, lar do povo Paiter Suruí, abrange uma área de 248.146 hectares, entre Rondônia e Mato Grosso. O modo de vida tradicional Suruí está intrinsecamente ligado ao uso sustentável da floresta e às atividades extrativistas.
Cerca de 150 famílias participam do cultivo do café em 25 aldeias dentro da TI. A qualidade do grão é resultado do conhecimento ancestral sobre a floresta e das práticas sustentáveis adotadas pelos indígenas, como o sistema agroflorestal – que combina o plantio de café com frutos nativos – para garantir um cultivo equilibrado e de alta qualidade.
O café é produzido sem o uso de agrotóxicos ou irrigação, demonstrando o compromisso do povo Suruí com a preservação do meio ambiente e a produção de alimentos saudáveis.