Um estudo realizado no Espírito Santo identificou 11 cultivares de café arábica que se destacam pela qualidade, produtividade e resistência a pragas. A adoção dessas variedades pode aumentar significativamente a colheita dos produtores, com potencial para dobrar a produção em algumas lavouras.
Pesquisa do Incaper
A pesquisa foi desenvolvida pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e está disponível gratuitamente no site do instituto. O experimento avaliou como diferentes tipos de cultivo se comportam em diversas condições de solo, altitude e clima.
Cultivar, para os cafeicultores, refere-se à reprodução de uma planta com características desejáveis, como alta produtividade ou resistência a doenças. A seleção de um pé de café com essas qualidades permite a propagação de sementes que mantêm as mesmas características, formando uma “família” de plantas.
Resultados em campo
O estudo foi conduzido em 13 áreas experimentais, em parceria com produtores rurais das regiões Noroeste, Serrana e Caparaó do Espírito Santo. Em cada local, as cultivares foram testadas em diferentes altitudes e níveis de exposição solar.
De acordo com o pesquisador do Incaper, César Abel Krholing, essa abordagem permitiu observar a resposta de cada cultivar ao ambiente. “Trabalhamos em áreas de renovação de lavoura, onde já havia café e incidência de nematoides. Selecionamos materiais genéticos, desde os mais antigos até cultivares modernas, com diferentes níveis de resistência”, explicou.
Após a análise do desempenho de cada cultivar, foi elaborada uma cartilha indicando as 11 variedades que apresentaram os melhores resultados e podem beneficiar os produtores. Além da resistência a pragas e doenças, o estudo avaliou a época de maturação (precoce, média ou tardia), o tamanho do grão e a produtividade.
Em alguns casos, a produção alcançou mais de 50 sacas por hectare, o que poderia elevar a produção total do Espírito Santo de 3,5 milhões para 7 milhões de sacas de café.
Qualidade e produtividade
O produtor Fabiano Avanci, de Venda Nova do Imigrante, cedeu parte de sua lavoura para os experimentos e já iniciou a renovação de áreas com as cultivares testadas. “Na primeira colheita, já obtivemos quatro litros por planta. A expectativa é dobrar esse volume no próximo ano”, relatou.
A pesquisa também analisou a qualidade do café, com amostras beneficiadas e avaliadas no Centro de Cafés Especiais do Espírito Santo (Cecafes). Segundo o pesquisador David Viçosi, os resultados foram positivos. “As cultivares mostraram materiais com peneiras maiores e classificação acima da média estadual”, afirmou.
As cultivares testadas já existiam, mas muitas vezes eram subutilizadas por falta de validação técnica. Com o estudo, o Espírito Santo ganha uma ferramenta para aumentar a produtividade, distribuir melhor a colheita ao longo do ano e manter a qualidade do café.
Para acessar os resultados da pesquisa, consulte a cartilha “Café Arábica: Cultivares Validadas para o Espírito Santo”, disponível gratuitamente no site do Incaper.











