Raoni Metuktire é um dos líderes indígenas mais respeitados do Brasil e um símbolo da luta pela preservação da Amazônia. Reconhecido internacionalmente, o cacique Kayapó tem dedicado décadas à defesa dos povos originários e da floresta, conquistando o reconhecimento de autoridades e personalidades em todo o mundo.
Nascido na aldeia Kapôt, na Terra Indígena Capoto-Jarina, no Mato Grosso, Raoni aprendeu português ainda jovem e compreendeu os desafios impostos pelo contato com a sociedade não indígena. Desde então, passou a defender os direitos de seu povo e a alertar sobre os impactos da exploração na Amazônia.
Sua trajetória de ativismo foi marcada por diversas homenagens. Em abril deste ano, recebeu a Ordem Nacional do Mérito, a mais alta honraria concedida pelo governo brasileiro, em reconhecimento à sua dedicação à Amazônia e aos povos indígenas.
A luta de Raoni ganhou destaque na década de 1970, quando ele começou a chamar a atenção do mundo para a importância da demarcação das terras indígenas e para os efeitos da exploração desenfreada na floresta. Sua voz ecoou em conferências e encontros internacionais, conquistando o apoio de ambientalistas e governos estrangeiros.
Reconhecimento internacional
Em 1989, Raoni realizou uma turnê mundial ao lado do músico Sting, do The Police, para alertar sobre o desmatamento e a invasão de terras indígenas na Amazônia. A campanha percorreu 17 países e fortaleceu a luta pela preservação da floresta.
Anos antes, em 1977, um documentário sobre sua vida foi exibido no Festival de Cannes, na França, dando visibilidade à sua história e à sua luta. Em 2012, foi recebido pelo então presidente francês François Hollande no Palácio do Eliseu, onde reforçou a necessidade de políticas públicas para proteger a Amazônia e os povos da floresta.
Em 2020, a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) concedeu-lhe o título de Doutor Honoris Causa, em reconhecimento ao seu trabalho pela humanidade.
Um legado de luta e resistência
Raoni Metuktire teve um papel fundamental na elaboração da Constituição de 1988, que garantiu os direitos dos povos indígenas. Ele articulou com parlamentares e autoridades para incluir dispositivos que protegessem as terras tradicionalmente ocupadas pelas comunidades originárias.
Nos últimos anos, o cacique tem sido protagonista de importantes encontros, como sua participação na cerimônia de posse do presidente Lula em 2023 e a entrega de uma carta ao Papa Francisco, no Vaticano, alertando sobre as mudanças climáticas e os impactos ambientais na Amazônia.
Raoni também é o idealizador do evento anual “Em Defesa da Terra”, que reúne indígenas de diversas etnias, líderes políticos e especialistas para discutir a demarcação de terras, a proteção ambiental e a sustentabilidade. O “Chamado do Raoni”, realizado na aldeia Piaraçu, no Mato Grosso, reuniu mais de 800 lideranças indígenas de diferentes povos, com tradução simultânea para garantir a participação de todos.
Em 2025, a atriz Angelina Jolie visitou Raoni em sua aldeia para discutir a preservação da Amazônia. Sua luta também recebeu mensagens de apoio de líderes mundiais, como o rei Charles III.
Atualmente, Raoni participa da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, lembrando que há décadas alerta o mundo sobre a destruição da Amazônia e dos modos de vida dos povos originários.
Com mais de sete décadas de atuação, Raoni Metuktire se consolidou como um dos maiores defensores da natureza e da causa indígena, deixando um legado de consciência e respeito pela Terra.










