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21 de outubro de 2025

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Brazil Core: a estética tropical em alta no exterior

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Uma busca por “Brazil Core” nas redes sociais – do TikTok ao Instagram, passando pelo Pinterest – revela elementos que compõem uma estética supostamente brasileira. Cores vibrantes, vídeos de moda, fotos de paisagens e símbolos que transitam entre o popular e o estereotípico criam imagens concretas e compartilháveis.

A tendência, que ressurgiu no verão europeu de 2022, deve ganhar novo fôlego com a Copa do Mundo. Desde 2017, a camisa verde e amarela da seleção brasileira já aparecia em produções fashionistas nos Estados Unidos e na Europa.

Origens e apropriação

Muitos dos elementos hoje celebrados têm origem na moda de favela, como chinelos Havaianas, estampas tropicais e acessórios coloridos. “Sempre foi uma estética periférica, mas durante muito tempo foi vista como ‘cafona’, ‘coisa de pobre’. Quando a moda global se apropria, transforma em produto valorizado”, descreve Thais Farage, consultora de estilo e pesquisadora em moda e gênero.

Especialistas avaliam que o Brazil Core tem duas faces: a valorização da cultura brasileira e o convite a um olhar mais atento sobre o país, mas também o risco de se tornar uma exportação vazia, sustentada em estereótipos e com traços de apropriação cultural.

Soft Power e Narrativas

Mi Medrado, antropóloga baseada em Los Angeles, destaca que a repetição desses elementos pode gerar um diálogo histórico e reflexivo, considerando gênero, classe e raça. No entanto, nem sempre há uma crítica que repense o imaginário frequentemente apropriado de forma inadequada.

Farage complementa que as redes sociais, muitas vezes, promovem “uma exportação de uma estética, e não de uma cultura”. Ela ressalta que muitos desconhecem a localização do Brasil, associando o país apenas à estética.

A consultora observa que a moda tem a capacidade de transformar códigos e símbolos culturais em tendências esvaziadas de sentido, como já ocorreu com a estética punk, hippie e indiana. No entanto, quando associada a empresas e projetos que valorizam a cultura e fortalecem a economia, o potencial é positivo.

Onda e Reinterpretações

Em 2022 e 2023, a tendência ganhou força, com a cantora Rosalía usando boné da Misci e a grife Jacquemus gravando campanha no Rio de Janeiro. Um post de Hailey Bieber, com um croptop do Brasil e um refrigerante Guaraná, viralizou, impulsionando ainda mais a estética.

A marca Corteiz recriou a camisa da seleção de 2002, com Ronaldo como garoto-propaganda, mas as peças foram vendidas apenas nos Estados Unidos e na Europa, simbolizando a apropriação da estética originária das favelas para consumo internacional.

No TikTok, a hashtag “Copenhagen way” transformou as Havaianas em símbolo de sofisticação minimalista, após serem combinadas com alfaiataria na Copenhagen Fashion Week. A reinterpretação no Brasil ocorreu posteriormente, fora do contexto praiano.

Olhar Interno e Reconhecimento

Thais Farage enfatiza a necessidade de validar os símbolos brasileiros por conta própria, sem esperar a chancela europeia ou americana. Ela cita o exemplo da elite brasileira no século XIX, que copiava os folhetins franceses, demonstrando uma dependência estética histórica.

A Havaianas é um exemplo de sucesso na exportação da “imagem brasileira”. A marca está presente em mais de 100 países.

Gabriel Oliveira, diretor de branding da Farm, destaca o isolamento histórico do Brasil e o desejo de reconhecimento externo, atribuindo-o ao “complexo de vira-lata”. Segundo ele, o anseio é que o mundo perceba o valor da cultura brasileira.

Dois Brasis e o Futuro da Estética

A antropóloga Mi Medrado propõe a ideia de dois “Brasis”: um com “S”, que circula no imaginário internacional, e outro com “Z”, o Brasil real, diverso e popular. Ela ressalta que as redes sociais abriram espaço para uma disputa de narrativas.

Especialistas acreditam que a atenção internacional ao Brazil Core pode abrir espaço para mudanças positivas no mercado interno e no olhar dos consumidores brasileiros, valorizando símbolos e estéticas próprias sem depender da chancela estrangeira, com foco em periferias, comunidades indígenas e quilombolas.

Marcas como Missy e a Dengo são citadas como exemplos de valorização da cultura brasileira. A Farm, com lojas em diversos países, busca despertar orgulho e identificação com a cultura brasileira.

A estética brasileira se expande para a música, o funk e os memes, projetando o senso de humor brasileiro para o mundo digital. A cantora Anitta é citada como exemplo de artista que mistura elementos da cultura brasileira, como a bossa nova, em sua música.