O Brasil ascendeu à posição de quinto maior mercado de apostas online do mundo, com projeções de faturamento de US$ 4,139 bilhões (aproximadamente R$ 22 bilhões) para 2025. O país ultrapassou Rússia e Itália, conforme dados exclusivos obtidos pela BBC News Brasil com a consultoria Regulus Partners.
Os Estados Unidos lideram o ranking global com US$ 17,312 bilhões, seguidos por Reino Unido (US$ 9,901 bilhões) e Itália (US$ 4,617 bilhões). Os números refletem o crescimento acelerado do setor no Brasil, que faturou R$ 17,4 bilhões no primeiro semestre de 2024, com 78 empresas autorizadas a operar.
Fatores do crescimento
A trajetória do Brasil no mercado de apostas online é recente, com regulamentação implementada apenas em 2024. Antes disso, as empresas operavam sem regras claras por sete anos, período em que adotaram estratégias agressivas para atrair apostadores. A combinação de fatores como a proibição histórica de jogos de azar, a crescente adesão a novas tecnologias e o sistema de pagamentos instantâneos Pix contribuíram para essa expansão.
O Pix, em particular, facilitou a realização de apostas, eliminando a necessidade de deslocamento físico a casas lotéricas. A publicidade massiva, presente em camisas de jogadores de futebol, eventos como o Carnaval e plataformas digitais, também desempenhou um papel crucial na normalização e popularização das apostas.
Debate sobre regulamentação
Especialistas alertam para os riscos associados ao crescimento descontrolado das apostas, como o vício e o comprometimento da renda familiar. Uma análise do Banco Central revelou que cinco milhões de pessoas beneficiárias do Bolsa Família realizaram transferências para empresas de apostas via Pix, levando o Supremo Tribunal Federal (STF) a restringir o uso de recursos assistenciais para essa finalidade.
Tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que propõe restrições mais rigorosas à publicidade de apostas, incluindo a proibição de anúncios com personalidades públicas. A discussão visa encontrar um equilíbrio entre a geração de receita e a proteção dos consumidores.
Empresas do setor defendem a importância da publicidade para atrair apostadores para o mercado legal, enquanto especialistas defendem a necessidade de políticas públicas que desincentivem o consumo excessivo e protejam os grupos mais vulneráveis.