O cofundador e CEO da OpenAI, Sam Altman, expressou preocupação com a valorização de algumas empresas do setor de inteligência artificial (IA), admitindo que há áreas “meio infladas” no momento. A declaração, rara para um executivo de tecnologia, reacendeu o debate sobre a possibilidade de uma bolha no mercado.
Alerta no Vale do Silício
No Vale do Silício, epicentro da inovação tecnológica, cresce o questionamento sobre se o aumento do valor de mercado das empresas de IA é justificado ou resultado de “engenharia financeira”. Especialistas temem que a valorização esteja acima do fundamental, impulsionada por expectativas exageradas.
Além de Altman, o Banco da Inglaterra, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, também manifestaram preocupações. Dimon alertou para o elevado nível de incerteza no setor.
Precedentes históricos
Jerry Kaplan, pioneiro em IA, recorda ter vivenciado quatro bolhas anteriores e expressa preocupação com o volume de capital em jogo, significativamente maior que o da bolha das empresas “ponto com” do final dos anos 1990. Ele alerta que o estouro de uma possível bolha da IA poderia afetar a economia global.
Investimentos e acordos bilionários
Empresas ligadas à IA foram responsáveis por 80% dos ganhos da bolsa americana neste ano. A Gartner estima que os gastos globais com IA alcançarão US$ 1,5 trilhão (cerca de R$ 8,4 trilhões) até o final de 2025. A OpenAI, por exemplo, firmou um acordo de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 560 bilhões) com a Nvidia, e a Microsoft é uma investidora significativa na empresa.
A complexidade dos acordos financeiros levanta questionamentos sobre a real demanda por IA. Alguns analistas descrevem os arranjos como “financiamento circular” ou “financiamento de fornecedor”. Altman defende os investimentos, ressaltando o rápido crescimento da receita da OpenAI.
Impacto ambiental e infraestrutura
A expansão da infraestrutura de IA, com a construção de data centers em locais remotos, gera preocupações ambientais. Especialistas alertam para o potencial desastre ecológico causado por esses centros de dados, que consomem grandes quantidades de energia e podem gerar resíduos nocivos.
No Brasil, há 162 data centers, com capacidade instalada entre 750MW e 800MW, o que equivale ao consumo de energia de uma cidade de cerca de 2 milhões de habitantes. A demanda por energia deve aumentar significativamente nos próximos anos.
Perspectivas futuras
Apesar dos riscos, alguns especialistas acreditam que os investimentos em IA podem trazer benefícios a longo prazo, impulsionando a inovação e a criação de novos produtos e serviços. A esperança é que a infraestrutura construída agora possa sustentar o desenvolvimento futuro da IA.