O presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, manifestou nesta quinta-feira (23) a preocupação da instituição com a inflação e as expectativas do mercado, que permanecem acima da meta estabelecida. Em evento na Indonésia, Galípolo reforçou a postura restritiva da política monetária, indicando que a taxa básica de juros (Selic) deverá se manter em patamar elevado por um período prolongado.
Controle da inflação
Segundo o presidente do BC, apesar de a inflação apresentar sinais de arrefecimento, ela e as projeções econômicas ainda estão fora do intervalo desejado. “A inflação e expectativas seguem fora do que é a meta, isso é um ponto de bastante incômodo para o Banco Central, mas estamos falando de uma inflação que está num processo de redução e retorno para a meta em função de um Banco Central que vem se mostrando sempre bastante diligente e tempestivo no combate a qualquer tipo de processo inflacionário”, declarou Galípolo.
A meta de inflação no Brasil é de 3% ao ano, com margem de tolerância de até 4,5%. Contudo, a pesquisa Focus, que compila as expectativas de economistas, aponta para um fechamento de 2025 em 4,7%, indicando um desvio da meta. Em setembro, a inflação acumulada em 12 meses atingiu 5,17%.
Juros elevados
O Banco Central decidiu recentemente manter a Selic em 15% ao ano, nível que influencia diretamente as taxas de juros cobradas em empréstimos e financiamentos. Galípolo justificou a manutenção da taxa alta como medida para conter a inflação, mesmo diante do crescimento contínuo da economia brasileira. “A economia brasileira vem passando por um ciclo de crescimento contínuo, e ainda assim com nível de inflação que, apesar de fora da meta, o que demanda o Banco Central permanecer com uma taxa de juros num patamar elevado e restritivo por um período prolongado para que a gente possa produzir essa convergência”, afirmou. O objetivo, segundo o presidente, é alcançar um equilíbrio entre o controle da inflação, o crescimento econômico e a manutenção de baixos níveis de desemprego.
Críticas de Lula
A política de juros altos do Banco Central tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem defendido a redução da taxa para estimular a economia e o crédito. Na última segunda-feira (20), Lula cobrou a instituição para que comece a “abaixar os juros”, argumentando que isso permitiria o crescimento dos negócios e a geração de empregos.
As tensões entre o governo e o Banco Central remontam ao início do mandato de Lula, que questiona a autonomia da instituição e sua política monetária. Desde janeiro de 2025, o BC é liderado por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, mas a instituição mantém sua independência desde 2021.