O Banco Central (BC) informou nesta terça-feira (11) que o cenário econômico tem evoluído conforme o esperado e demonstra uma “maior convicção” de que a taxa de juros atual é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. As avaliações constam na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, quando a taxa básica de juros foi mantida estável em 15% ao ano – o maior nível em quase 20 anos.
Esta foi a terceira manutenção consecutiva do juro neste patamar. “Endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação”, informou o BC.
Sem sinal de corte de juros
Apesar dos sinais de arrefecimento da inflação, não há, na ata, indicação de quando a taxa Selic poderá começar a ser reduzida. O mercado financeiro projeta o início do ciclo de corte dos juros básicos da economia a partir de janeiro de 2026. O BC reafirma que “mantém-se a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista [juro alto] por um período bastante prolongado”.
O Comitê se comprometeu a seguir vigilante e a retomar o ciclo de alta da taxa Selic se julgar necessário, reiterando o firme compromisso com o mandato de levar a inflação à meta.
Desaceleração e impacto do IR
O BC tem enfatizado que uma desaceleração econômica faz parte da estratégia para conter a inflação, uma vez que um ritmo menor de crescimento tende a reduzir as pressões inflacionárias, especialmente no setor de serviços.
A ata do Copom indica que o “hiato do produto” – a diferença entre o nível atual da economia e seu potencial de crescimento – permanece positivo, sinalizando que a economia opera acima de sua capacidade sem gerar pressões inflacionárias significativas.
O Copom também informou que já incorporou em seus cálculos uma estimativa preliminar do impacto da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR), aprovada recentemente pelo Congresso Nacional e válida a partir de janeiro do próximo ano. Analistas avaliam que essa medida pode estimular o Produto Interno Bruto (PIB), mas também tende a pressionar a inflação.
O BC considera essa estimativa incerta e acompanhará os dados para calibrar seus impactos, adotando uma postura conservadora e dependente de dados.
Como o Banco Central atua
A definição da taxa de juros pelo BC se baseia no sistema de metas. Se as projeções de inflação estiverem alinhadas com as metas, há possibilidade de redução dos juros. Caso contrário, o Copom tende a manter ou elevar a Selic. Desde o início de 2025, com o sistema de meta contínua, o objetivo é fixado em 3%, com uma margem de tolerância entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação permanecendo acima da meta por seis meses consecutivos, o BC foi obrigado a divulgar uma carta pública explicando os motivos. A instituição considera as projeções futuras, e não apenas a variação recente dos preços, pois as mudanças na taxa Selic levam de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia. No momento, o BC mira a meta para o segundo trimestre de 2027.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação está em 4,55% (acima da meta), 4,20%, 3,8% e 3,5%, respectivamente. O BC observa que as projeções de inflação permanecem acima da meta de 3% para os próximos anos.
“As expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes, seguiram trajetória de declínio, mas permanecem acima da meta de inflação em todos os horizontes”, informou o BC.
O cenário externo, com a política comercial dos Estados Unidos, os juros elevados no país e a possível paralisação da economia americana (shutdown), ainda é incerto e exige cautela do Copom. Uma política fiscal consistente, que contribua para a redução do risco fiscal, também é fundamental para a convergência da inflação à meta.










