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27 de novembro de 2025

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Basílica de Nazaré: um ‘rizoma da fé’ no coração de Belém

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Foto: Luiza Amâncio/UFPA

Belém do Pará se transforma em um mar de fé no segundo domingo de outubro. Pés descalços, promessas, o cheiro de vela e miriti no ar… Milhares de pessoas acompanham a berlinda de Nossa Senhora de Nazaré rumo à Basílica Santuário, o destino e a origem do Círio, a maior manifestação religiosa do estado.

Para o arquiteto e pesquisador Wagner José Ferreira da Costa, a Basílica é muito mais que uma igreja. Em sua tese, ele explora como o templo se tornou um organismo vivo, com raízes no imaginário popular e que influencia diretamente o bairro de Nazaré e toda a cidade.

“Eu sempre tive a ideia de entender a Basílica como um livro, mas também como uma árvore. Ela é um ente que gera e regenera, que se conecta a outros espaços e pessoas. É raiz e é copa. É material e é espiritual”, explica Wagner, que dedicou mais de dez anos ao estudo do local.

Uma pesquisa enraizada na fé amazônica

Nascido em Marituba, Wagner cresceu em contato com a religiosidade popular da Amazônia. Sua trajetória o levou a mergulhar no estudo da Basílica, que se tornou o centro de sua pesquisa de doutorado na UFPA.

“Eu diria que esse templo me escolheu. Não foi só uma escolha racional. A Basílica estava sempre ali, me chamando, me desafiando”, revelou o pesquisador.

Na tese, defendida em 2024, Wagner elaborou a metáfora da “Basílica-arborizante”. Ele a compara a uma árvore que nasce da fé em Nossa Senhora de Nazaré, cresce com a construção da primeira ermida e da atual Basílica, e se expande, conectando-se a outros espaços e instituições.

Mas, ao contrário de uma árvore com raízes fixas, a Basílica desenvolve “rizomas” – uma rede flexível e adaptável que se entrelaça com capelas, comércios e as festividades do Círio. Essa rede conecta a vida material e espiritual da cidade.

“O bairro Nazaré não pode ser entendido sem a Basílica. Ela é raiz de pertencimento e força de identidade. É o coração que pulsa, mas também as veias que irrigam”, escreveu Wagner.

A pesquisa também destaca o papel de instituições como o Colégio Gentil Bittencourt, que mantém viva a tradição da festa e realiza uma missa que antecede a Trasladação, o cortejo que leva a imagem de Nossa Senhora até a Igreja da Sé.

Wagner participou de quatro Círios consecutivos, atuou na Pastoral do Turismo e guiou visitantes estrangeiros, observando como cada gesto e olhar revelavam novas dimensões do sagrado. A pandemia, que interrompeu as procissões, também trouxe novas reflexões.

“Nem mesmo o coronavírus foi capaz de derrubar a força da Basílica”, escreveu Wagner. Mesmo com as restrições, a fé permaneceu viva nas casas enfeitadas, nas velas acesas e nas orações transmitidas online.

Um mito vivo que se renova

O Círio, tema central da pesquisa, é definido por Wagner como um “mito vivo”, que se reinventa a cada ano sem perder sua essência. Ele ressalta como a cidade se reorganiza em função da festa, com alterações no trânsito, horários de comércio e a preparação das famílias.

“É como se Belém inteira fosse atravessada pela corda do Círio. Todos estão conectados a esse mito vivo”, comenta o pesquisador.

Em sua tese, Wagner defende que a Basílica é um ente essencial para Belém, moldando o bairro e a cidade, e estendendo suas raízes e copas para além de suas paredes. A tese ‘A Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré: geração, vivificação e retroalimentação das dimensões material e festiva do bairro de Nazaré em Belém do Pará’ foi orientada pela professora Cybelle Salvador Miranda.