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Após percorrer mais de 1.600 quilômetros pelo Rio Amazonas, com cerca de 90 atividades e a participação de milhares de pessoas entre Manaus (AM) e Belém (PA), o Banzeiro da Esperança encerrou sua jornada na COP30 nesta sexta-feira (21). O barco iniciou a viagem de volta para Manaus.
A iniciativa, idealizada pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e pela Virada Sustentável, reuniu lideranças indígenas, ribeirinhas, quilombolas, jovens, artistas, jornalistas e parceiros de todo o país e do exterior em um movimento pela Amazônia. O Banzeiro se transformou em um espaço de debate, com rodas de conversa, oficinas, apresentações culturais e intercâmbios de conhecimento.
Durante a viagem, o influenciador Raull Santiago, do Rio de Janeiro, destacou o trabalho do artista local Romahs Mascarenhas, que utilizou a facilitação gráfica – uma técnica de registro visual – para documentar as atividades e discussões a bordo. “É uma memória sensacional, mesmo para quem não acompanhou a viagem desde o início”, comentou Santiago.
A ministra Sônia Guajajara, do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), também visitou o barco em 16 de novembro, reforçando a importância da representatividade indígena. “Participamos dessa ideia do Banzeiro da Esperança para fortalecer a diversidade de lideranças”, afirmou.
Carta da Amazônia e o protagonismo das comunidades
Um dos principais resultados da expedição foi a elaboração da Carta da Aliança dos Povos Guardiões da Amazônia, que reúne as principais demandas de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e agricultores familiares frente aos impactos da crise climática. O documento, entregue ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago, defende o reconhecimento dos territórios, a gestão local, a valorização dos saberes tradicionais e a igualdade de gênero.
“A carta foi construída coletivamente, com indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Cada palavra foi escolhida com cuidado para que os líderes mundiais entendam o pedido de reconhecimento e valorização dos povos da Amazônia”, declarou Estélio Munduruku, da Terra Indígena Kwatá-Laranjal, no Amapá.
Valcléia Lima, da FAS, enfatizou que a COP30 deve ser “a COP da implementação”. “O Banzeiro da Esperança mostrou que as decisões globais sobre o clima precisam ser guiadas por quem vive na floresta. Trazer essas lideranças para a construção da Carta da Amazônia é garantir que a região seja protagonista das decisões”, ressaltou.
Cultura e floresta: uma conexão essencial
A expedição também promoveu diversas atividades culturais, como shows, apresentações artísticas e vivências que fortaleceram os laços entre as comunidades. A cantora indígena Djuena Tikuna e o sanfoneiro Éder do Acordeon se apresentaram a bordo, enquanto em Parintins, o Banzeiro recebeu a energia dos bois Caprichoso e Garantido, símbolos da cultura amazônica.
A atriz Lucélia Santos apresentou o espetáculo “Vozes da Floresta: Chico Mendes Vive”, homenageando o líder seringueiro e sua luta pela preservação da Amazônia.
Virada Sustentável em Belém
A Virada Sustentável também marcou presença na COP30 com exposições que abordaram temas como a poluição dos oceanos (“A Onda”, de Eduardo Baum) e o aquecimento global (“Eggcident”, de Henk Hofstra). A mostra “Araquém Alcântara — 50 anos de Fotografia” reuniu imagens que retratam a beleza e os desafios da Amazônia.
Para André Palhano, fundador da Virada Sustentável, o objetivo foi promover experiências que transmitam otimismo e esperança. O Banzeiro da Esperança deixa um legado de formação, escuta e mobilização que fortalecerá a autonomia das comunidades amazônicas diante da crise climática.











