18 de outubro de 2024

Banco Central recebe propostas para nova fase do Drex, versão digital do real

Segunda fase do projeto vai testar operações com contratos inteligentes e ampliar participação de empresas

A partir desta segunda-feira (14) até o dia 29 de novembro, o Banco Central (BC) começará a receber propostas de empresas interessadas em participar da segunda fase de testes do Drex, a versão digital do real. Nesta etapa, o foco será o desenvolvimento de negócios usando contratos inteligentes, conhecidos como smart contracts.

Em nota, o BC explicou que “instituições do mercado financeiro, que tenham a capacidade de testar modelos de negócios, poderão participar”. Entre as operações previstas estão transações de emissão, resgate e transferência de ativos, além de simulações de fluxos financeiros resultantes de negociações, quando aplicável ao caso em análise.

Os contratos inteligentes, baseados na tecnologia blockchain, são programas que executam automaticamente os termos de um contrato assim que ele é ativado. Esse tipo de sistema agiliza processos como transferências de dinheiro, pagamentos e registros, eliminando etapas burocráticas e reduzindo custos.

Casos de uso dos contratos inteligentes

Entre as operações que podem ser facilitadas com o uso de contratos inteligentes estão a compra e venda de veículos, imóveis e ativos do agronegócio. Por exemplo, em uma negociação de veículo, o contrato inteligente elimina a dúvida sobre quem deve agir primeiro: o comprador fazer o pagamento ou o vendedor transferir a documentação. Tudo é feito automaticamente, acelerando o processo e evitando intermediários.

Regras para participação

As propostas para esta nova fase devem ter, no máximo, cinco páginas e ser enviadas ao e-mail piloto.drex@bcb.gov.br. As empresas selecionadas deverão formalizar um termo de participação e indicar um representante técnico para coordenação dos testes.

Os projetos deverão explicar o modelo de negócios, detalhando impactos esperados, soluções de privacidade, metodologia de testes e eventuais barreiras legais. O Banco Central não estipulou um número máximo de propostas que serão escolhidas. A quantidade final dependerá das inscrições e da capacidade técnica do BC.

Histórico do projeto

Os testes com a versão digital do real começaram em março de 2023. A plataforma escolhida foi a Hyperledger Besu, de código aberto, compatível com a tecnologia Ethereum. Essa estrutura permitiu a criação de um ambiente controlado, garantindo a privacidade das transações e facilitando o desenvolvimento de soluções descentralizadas.

Em junho de 2023, o BC selecionou 16 consórcios para participar do projeto-piloto, que desenvolveram sistemas acoplados ao Hyperledger Besu e criaram produtos financeiros e soluções tecnológicas. A primeira fase dos testes, iniciada em setembro, focou na segurança e privacidade das transações entre o Drex e os depósitos tokenizados.

Próximos passos

Apesar do avanço, o lançamento oficial do Drex sofreu atrasos. Inicialmente previsto para o fim de 2024, ou início de 2025, o projeto foi impactado por greves de servidores do BC no primeiro semestre e por dificuldades na preservação da privacidade dos usuários durante os testes. A segunda fase deve se estender até o final do primeiro semestre de 2025, com mais empresas participando e novos testes focados em contratos inteligentes.