Foto: Reprodução/Nakama Aquatics
Já imaginou um peixe com uma verdadeira carapaça? Esse é o bacu-pedra (Lithodoras dorsalis), um peixe de água doce que vive na bacia amazônica e chama a atenção pela sua aparência robusta e placas ósseas laterais que lembram um escudo. Uma verdadeira armadura natural!
Essa proteção, junto com os espinhos dorsais, ajuda o bacu-pedra a se defender de predadores. Apesar de já existirem estudos sobre seus hábitos alimentares e distribuição, ainda há muito a se descobrir sobre seu ciclo de vida, reprodução e para onde ele vai durante o ano.
O bacu-pedra prefere águas calmas – rios, lagos e canais da Amazônia – e vive no fundo, onde se alimenta e se esconde. Durante a época de cheia, quando os rios transbordam, ele vai para as áreas alagadas em busca de comida e abrigo. Quando a água baixa, ele volta para o leito principal do rio.
Por isso, observar as populações de bacu-pedra em diferentes partes da Amazônia é importante para entender como estão os rios. Como ele depende da vegetação que cresce nas margens, a diminuição do número de bacu-pedras pode ser um sinal de que algo não está bem com o meio ambiente, como a perda de áreas de mata e a poluição da água.
No Brasil, o bacu-pedra pode ser encontrado nos estados do Mato Grosso, Pará, Amazonas, Amapá e Roraima, além de outros países da América do Sul, como Colômbia, Guiana Francesa e Peru.
Como o bacu-pedra ajuda a floresta?
De acordo com o biólogo Thiago Barbosa, o bacu-pedra não é só um peixe que come o que encontra no fundo do rio. Quando jovem, ele se alimenta principalmente de frutos e sementes que caem das árvores da floresta de várzea.
Essa alimentação faz dele um importante ajudante na hora de espalhar as sementes, garantindo que novas árvores cresçam e a floresta se regenere.
Com o tempo, a alimentação do bacu-pedra pode mudar dependendo do que estiver disponível. Na época de cheia, ele come mais frutos e plantas; na seca, ele procura detritos e restos de matéria orgânica no fundo do rio. Essa capacidade de se adaptar ajuda ele a sobreviver em um ambiente que muda bastante ao longo do ano.
“A presença de frutos e sementes na dieta do bacu-pedra mostra que ele não é apenas um consumidor de fundo, mas uma peça importante na conexão entre a floresta e o rio. A vegetação das margens oferece comida para o peixe e também ajuda a manter o equilíbrio do ecossistema”, explica o estudo.
O bacu-pedra também é pescado para consumo na região amazônica, sendo vendido em feiras e mercados. Embora não seja um peixe muito valorizado economicamente, ele é importante para a pesca artesanal e para a alimentação das comunidades locais.
Para proteger essa espécie, é fundamental preservar as áreas de várzea e as matas ciliares, que são as florestas que crescem nas margens dos rios. A classificação da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) considera o bacu-pedra como uma espécie “pouco preocupante” em relação ao risco de extinção.
No entanto, o desmatamento, o acúmulo de sedimentos no fundo dos rios e a poluição da água são ameaças que podem colocar a sobrevivência do bacu-pedra em risco. Mudanças no ciclo das cheias e secas também podem afetar sua reprodução e a disponibilidade de alimento.









