A B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) anunciou a exclusão das ações da Ambipar dos nove índices em que estão listadas e não renovará a certificação de “B3 Ações Verdes” da companhia. A decisão, comunicada nesta quinta-feira, impactará a composição das carteiras a partir do fechamento do mercado em 15 de outubro, com a redistribuição da participação da Ambipar proporcionalmente aos demais ativos.
Decisão da B3
Segundo a B3, a exclusão baseia-se em critérios estabelecidos em seu manual de definições e procedimentos, que permite à bolsa remover um ativo de seus índices para preservar a continuidade, replicabilidade, representatividade e integridade dos índices.
A não renovação da certificação “B3 Ações Verdes” está relacionada à associação da imagem da empresa a eventos e incidentes de ASG (Ambiental, Social e Governança) que podem gerar riscos à sua reputação, conforme metodologia da B3.
Proteção judicial e recuperação
A decisão da B3 ocorre em um momento de turbulência para a Ambipar. No final de setembro, a empresa obteve uma medida cautelar na Justiça do Rio de Janeiro que suspendeu a aceleração de dívidas e a exigibilidade de obrigações contratuais. A medida foi motivada por uma operação de crédito com o Deutsche Bank, que demandou garantias adicionais e impactou o caixa da companhia.
Em relatório, a Fitch Ratings avaliou que a Ambipar entrou em um processo semelhante à inadimplência (default). Desde então, as ações da empresa acumularam uma queda de 93% até a véspera, em meio a temores sobre uma possível recuperação judicial.
A expectativa é que a Ambipar protocole um pedido de recuperação judicial em um tribunal do Rio de Janeiro. A notícia divulgada na terça-feira (7) intensificou a incerteza e provocou novas quedas nos títulos da companhia.
Impacto em COEs
A situação da Ambipar também afetou investidores que aplicaram em Certificados de Operações Estruturadas (COEs) vinculados à companhia e à Braskem. As perdas nesses investimentos chegam a quase 93% do valor aplicado, de acordo com comunicados de instituições financeiras.
Especialistas explicam que os COEs possuem mecanismos que podem levar à liquidação antecipada da aplicação caso os títulos de referência percam valor ou a empresa emissora enfrente dificuldades financeiras. Ao acionar o ‘gatilho’, o emissor calcula o valor de recuperação dos títulos no mercado, que pode ser significativamente inferior ao valor nominal investido.
Fonte: Estadão Conteúdo