Após mais de dois anos de alta, o preço do azeite começou a apresentar queda no Brasil. Em setembro, houve uma redução de 3,11%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 9 de outubro de 2024. Esta foi a nona queda mensal consecutiva, resultando em uma diminuição de 14,55% no preço do produto em 12 meses.
Especialistas consultados apontam três fatores principais para essa redução: condições climáticas mais favoráveis na Europa, a desvalorização do dólar em relação ao real e, em menor grau, a isenção de impostos sobre o produto importado. “Foi uma combinação desses fatores”, explica o professor Carlos Eduardo de Freitas Vian, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP). “A redução demorou a se refletir nos supermercados devido aos estoques com preços mais altos, mas a queda é agora evidente.”
Fatores que influenciaram a queda
A maior parte do azeite consumido no Brasil (cerca de 98%) é importada, principalmente de Portugal e Espanha. A seca e as altas temperaturas nos olivais europeus, a partir de 2023, impactaram a produção e elevaram os preços globalmente, atingindo o pico em junho de 2024. “Esses efeitos não se limitaram ao Brasil, afetando o preço do azeite em todo o mundo”, afirma o pesquisador Felippe Serigati, da FGVAgro. A melhora das condições climáticas na Europa em 2024 contribuiu para uma safra mais abundante.
Com o aumento dos preços, consumidores buscaram alternativas mais acessíveis. Em resposta, o governo federal intensificou a fiscalização, apreendendo e proibindo a comercialização de dezenas de marcas com origem suspeita ou fraudulenta.
A variação cambial também desempenhou um papel importante. O dólar, que iniciou o ano cotado próximo a R$ 6,20, atualmente está na faixa de R$ 5,45. “A desvalorização do dólar impactou positivamente os preços de produtos importados, incluindo o azeite”, explica Serigati.
Em março de 2024, o governo federal zerou a tarifa de importação do azeite como parte de um esforço para controlar a inflação dos alimentos. Embora a medida tenha contribuído para a queda dos preços, o professor Carlos Eduardo da Esalq ressalta que o principal fator foi a recuperação da safra europeia. Felippe Serigati, da FGVAgro, aponta que a influência do imposto zerado foi pequena.