Aumento nas mensalidades pode levar estudantes a abandonarem universidades

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Aumento nas mensalidades pode levar estudantes a abandonarem universidades

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A possibilidade de abandono universitário tem se tornado uma realidade cada vez mais presente entre estudantes brasileiros, devido aos recentes aumentos nas mensalidades do ensino superior, segundo estudo conduzido pela Quero Educação. O levantamento revela que a média das mensalidades cobradas pelas instituições é de R$ 722, enquanto os estudantes buscam cursos cuja mensalidade seja em torno de R$ 500. Este cenário deixa 68% dos futuros universitários sem opções acessíveis.

O estudo foi baseado em dados coletados através da plataforma Quero Bolsa, um serviço da Quero Educação, que permite aos estudantes obter bolsas de estudo de 5% a 80% em instituições privadas. Atualmente, 10% das matrículas universitárias são cobertas pelas bolsas oferecidas através da plataforma, com mais de 1,3 mil instituições parceiras.

Mensalidades

De acordo com a Quero Educação, o preço médio das mensalidades no início do ano era de R$ 530, ao passo que os estudantes buscavam cursos cuja mensalidade média era de R$ 526. Com a queda no poder aquisitivo, os alunos agora procuram cursos presenciais com mensalidades médias de R$ 495, enquanto o valor médio das mensalidades oferecidas na plataforma aumentou para R$ 722. Este aumento de 45% dificulta o acesso dos estudantes à educação superior.

O diretor da Quero Educação, Marcelo Lima, alerta para a situação preocupante: “Não houve aumento do poder de compra dos alunos, eles não podem pagar esse preço. Está ficando muita gente de fora. E o fato é que as instituições não vão conseguir encher as suas salas”. Ele destaca ainda que as bolsas de estudo e os descontos são mais benéficos para os estudantes do que financiamentos, pois evitam que se endividem após a conclusão da universidade.

Por outro lado, entidades representativas do ensino superior, embora reconheçam as dificuldades dos estudantes, ressaltam que os reajustes são necessários. Argumentam que durante a pandemia, muitas instituições não aumentaram as mensalidades, mas com o aumento da inflação e consequente aumento dos custos operacionais, os reajustes tornam-se inevitáveis.

Fies

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é apontado como uma alternativa para manter os alunos nas instituições, pois mesmo com bolsas, muitos não conseguem arcar com os custos até o final do curso. A proposta é que o Fies seja reestruturado, a fim de recuperar seu caráter social e permitir que mais pessoas tenham acesso ao ensino superior.

Para os estudantes, além do acesso ao ensino superior, é essencial garantir a qualidade do ensino. Segundo Manuella Silva, coordenadora de Comunicação da União Nacional dos Estudantes (Une), muitos alunos se queixam da qualidade das aulas e da falta de infraestrutura, como laboratórios para práticas. A Une defende um Fies que assegure o pleno emprego para os estudantes, permitindo que paguem suas dívidas após a formatura.

O Fies, atualmente, está em discussão em um grupo de trabalho criado pelo Ministério da Educação, cujas deliberações terminam em setembro. A proposta é promover estudos técnicos relacionados ao Fundo, como diagnósticos sobre a situação atual do Fies, a reavaliação do limite de financiamento e a desburocratização do programa.