A Colômbia vive um momento de alta tensão política após um atentado a tiros contra o senador e pré-candidato à Presidência pela oposição, Miguel Uribe Turbay, de 39 anos. O governo colombiano agiu rapidamente, oferecendo uma recompensa de aproximadamente US$ 730 mil (cerca de R$ 3,8 milhões) por informações que levem à captura dos mandantes do crime.
O ataque ocorreu no último sábado (7 de junho), em Bogotá, e reacendeu o fantasma da violência política no país, em um período já marcado por profundas divisões e pelo embate entre o governo e a oposição.
O atentado em Bogotá
Miguel Uribe Turbay participava de um evento de campanha na capital quando foi atingido por dois disparos na cabeça. Ele foi submetido a uma cirurgia de emergência e, segundo as últimas informações, seu estado de saúde é considerado crítico.
Em uma publicação em rede social, a esposa do senador, María Claudia Tarazona, afirmou que o político está “lutando pela sua vida” e que a família precisa de um “milagre”. Paralelamente, as autoridades prenderam um adolescente de 15 anos, acusado de ser o autor dos disparos, e montaram uma força-tarefa para identificar os mandantes por trás do crime.
A resposta do governo e as investigações
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, condenou veementemente o ataque, classificando-o como um atentado não apenas contra o senador, mas “contra a democracia, a liberdade de pensamento e o exercício legítimo da política”.
Em pronunciamento, Petro afirmou que todas as agências de inteligência estão mobilizadas para solucionar o caso e rechaçou o uso político do episódio. No entanto, ele levantou suspeitas sobre a autoria intelectual do crime.
“Suspeitas temos todas, eu tenho as minhas, os patrões do crime repetem os padrões das mortes da maioria dos dirigentes políticos da Colômbia. Menores de idade utilizados e pagos porque suas famílias são pobres”, disse o presidente.
Ameaças, reações e a crise política
O clima de instabilidade se intensificou no domingo (8), quando a presidência informou que a filha de Gustavo Petro e os filhos de outros ministros do governo receberam ameaças. Para Petro, o fato “reforça a hipótese de que o autor da tentativa de homicídio seja inimigo do governo”. Diante disso, o Conselho de Segurança Nacional determinou a ampliação da proteção a membros da oposição e às famílias de integrantes do governo.
A repercussão internacional incluiu uma declaração do senador americano Marco Rubio, que atribuiu o crime à “retórica violenta esquerdista vinda dos mais altos escalões do governo colombiano”, pedindo que o presidente Petro “contenha a retórica inflamatória”.
O impasse da reforma trabalhista
O atentado ocorre em um momento de forte polarização, impulsionada pela tentativa do governo Petro de aprovar uma ambiciosa reforma trabalhista. O projeto enfrenta grande resistência no Senado. Os principais pontos da reforma incluem:
- Aumento do valor pago por horas trabalhadas no período noturno.
- Majoração da remuneração por trabalho em domingos e feriados.
Após ter o projeto e uma proposta de consulta popular rejeitados pelo Senado, Petro prometeu convocar a consulta por meio de um decreto presidencial, acirrando ainda mais os ânimos com o legislativo.
Quem é Miguel Uribe Turbay?
Para entender o peso do atentado, é preciso conhecer a trajetória de Miguel Uribe Turbay. Membro do partido de oposição Centro Democrático, legenda do ex-presidente Álvaro Uribe, ele carrega um histórico familiar marcado pela violência política.
Quando tinha apenas cinco anos, sua mãe, a jornalista Diana Turbay, foi sequestrada e assassinada por narcotraficantes do grupo liderado por Pablo Escobar. Além disso, seu avô, Julio César Turbay, foi presidente da Colômbia entre 1978 e 1982. A história de sua família é um reflexo das décadas de conflito que o país tenta superar.