O pirarucu, o gigante dos rios amazônicos, já esteve à beira da extinção devido à pesca descontrolada. Graças ao manejo sustentável, a espécie se recuperou e hoje é um exemplo de sucesso na preservação. Agora, um novo passo é dado para valorizar ainda mais o peixe: o aplicativo ‘Gygas’, que funciona como uma espécie de ‘CPF’ para cada pirarucu, garantindo a rastreabilidade completa do produto.
Desenvolvido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS), o projeto visa fortalecer a sociobioeconomia da região, agregando valor à cadeia produtiva e aumentando a renda das comunidades ribeirinhas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A iniciativa combina tecnologia, infraestrutura e novos canais de comercialização.
O ‘Gygas’ utiliza a tecnologia blockchain para registrar cada etapa do manejo do pirarucu, desde a captura nos lagos até a chegada ao consumidor final. Essas informações são armazenadas de forma segura e transparente, impossibilitando alterações. Cada peixe recebe um QR Code único, que permite ao consumidor verificar a origem e a autenticidade do produto.
“É uma ferramenta que fortalece a sociobioeconomia e dá mais visibilidade ao trabalho das comunidades ribeirinhas e indígenas, mostrando ao mundo que é possível conservar a floresta e gerar renda de forma sustentável”, explica Wildney Mourão, gerente de Empreendedorismo e Negócios Sustentáveis da FAS.
O projeto beneficia diretamente 55 manejadores de pirarucu em três comunidades (Mangueira, Catiti e Jussara), com a expectativa de aumentar a renda de 45 famílias, cerca de 180 pessoas, e gerar 15 novos empregos. Antes do aplicativo, o registro de dados era feito manualmente, em cadernos, o que era sujeito a erros e perdas. Agora, o processo é mais ágil, confiável e facilita a emissão dos documentos de legalização.
“Com a novidade, ficou melhor do que quando a gente usava o caderno. Antes tinha o risco de molhar, porque tudo ficava junto à evisceração do peixe”, relata Denilson dos Santos, manejador da comunidade ribeirinha.
Além da rastreabilidade, o projeto inclui a construção de um flutuante para o pré-beneficiamento do pescado e a criação da marca ‘Gigantio’, voltada para a comercialização do filé de pirarucu. A iniciativa também busca valorizar a pele do peixe, transformando-a em produtos de moda e design.
O investimento total no projeto é de R$3,5 milhões, com apoio da Positivo Tecnologia e do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) da Suframa. Para a Positivo, o projeto é uma forma de contribuir para a preservação da Amazônia e o desenvolvimento das comunidades locais.
Com informações do Portal Amazônia











