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23 de dezembro de 2025

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Aplicativo ‘Bilingo’ ajuda a salvar línguas indígenas em RO e MT

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Um projeto inovador que une tecnologia e conhecimento ancestral está sendo desenvolvido para revitalizar as línguas indígenas Bororo, no Mato Grosso, e Makurap, em Rondônia. O aplicativo ‘Bilingo’ foi criado para registrar vocabulário, frases e narrativas nessas línguas, transmitindo esse saber para as novas gerações.

A iniciativa conta com a colaboração de pesquisadores do Brasil e da Alemanha, professores e, principalmente, jovens indígenas. Gustavo Poletti, desenvolvedor do sistema, explica que o objetivo é dar autonomia aos professores das comunidades para que possam usar a tecnologia na educação e disseminação do aprendizado.

Os Makurap, que vivem nas Terras Indígenas Rio Guaporé e Rio Branco em Rondônia, pertencem à família linguística Tupari. Embora a língua ainda fosse falada por muitos no final dos anos 90, hoje é mais comum entre os mais velhos. Já os Bororo, do Mato Grosso, chamam sua língua de Wadáru, pertencente ao tronco Macro-Jê.

De acordo com o Censo 2022 do IBGE, o Brasil possui 295 línguas indígenas catalogadas, presentes em quase um quinto dos municípios. O Atlas das Línguas em Perigo da Unesco aponta que 190 idiomas brasileiros estão em risco de extinção, colocando o país em segundo lugar no ranking mundial de línguas ameaçadas – atrás apenas dos Estados Unidos.

O ‘Bilingo’ surge como uma resposta a essa ameaça, buscando frear a perda da transmissão intergeracional e aproximar as crianças do idioma por meio de jogos e exercícios interativos. O nome do aplicativo é uma abreviação de “Brazilian Indigenous Languages” (Línguas Indígenas Brasileiras).

A iniciativa, experimental e sem fins lucrativos, pretende ser a maior base de dados de línguas indígenas já criada. O projeto está em fase de testes, sem data para ser concluído.

“Ferramentas tecnológicas como essa representam a resistência e a luta dos povos originários. Elas mostram que as comunidades não estão paradas no tempo”, afirma Heloisa Helena Siqueira Correia, professora da Universidade Federal de Rondônia (UNIR).

Jéssica Makurap, jovem da comunidade, relata: “A gente foi perdendo a língua por causa do preconceito. Muitos não indígenas proibiam os indígenas de falar. A língua Makurap era muito usada, mas hoje em dia não é mais.”

O desenvolvimento do aplicativo é, em si, um processo educativo. Os jovens indígenas são os responsáveis por coletar palavras e áudios com seus tios, avós e professores, alimentando a ferramenta digital. “Quando o jovem pergunta como se diz algo na língua e grava a resposta, ele já está aprendendo. Assim, o aplicativo ensina enquanto é construído”, explica a linguista Carolina Aragon.

O aplicativo funciona de forma semelhante a plataformas de aprendizado de línguas como Duolingo e Rosetta Stone, com uma jornada de aprendizado temática que aborda áreas como alfabeto, alimentação e família. Além disso, está sendo desenvolvido um recurso para praticar a pronúncia, com feedback de inteligência artificial.

O ‘Bilingo’ também terá suporte offline e garantirá a privacidade dos dados, que ficarão sob o controle das comunidades indígenas. O conteúdo será totalmente controlado pelos indígenas, assegurando a propriedade sobre sua língua e tradição.

“O aplicativo é uma forma de aprender e, ao mesmo tempo, de manter viva a nossa cultura”, resume Jéssica Makurap. Quando estiver pronto, a própria comunidade será responsável por administrar a iniciativa, definir o conteúdo e decidir como ele será distribuído.

A ideia do projeto surgiu durante o doutorado de Gustavo Poletti na Universidade de São Paulo (USP), inspirado em iniciativas de revitalização de línguas indígenas. Em 2024, ele conheceu Fabrício Gerardi, linguista da Universidade de Tübingen (Alemanha), que já trabalhava com a comunidade Bororo. A professora Carolina Aragon, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), conectou o grupo com os Makurap, em Rondônia.

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