O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro estabeleceu que Antonia Fontenelle deve pagar indenização à atriz Giselle Itié no prazo de 15 dias. A decisão, divulgada pela coluna de Ancelmo Gois no O Globo, fixa multa de 10% e honorários advocatícios caso o pagamento não seja realizado. Inicialmente estipulada em R$ 50 mil, a quantia acumulou juros e correções. Assim sendo, já ultrapassa R$ 88 mil.
O conflito começou em 2020, quando Giselle revelou ter sofrido assédio no início da carreira, em apoio à denúncia de Dani Calabresa contra Marcius Melhem. “23 anos de idade. Minha primeira protagonista. Fui severamente assediada e amordaçada pelo diretor da novela. Até hoje sinto a dor de uma vítima silenciada”, publicou a atriz, natural do México.
Na época, contudo, Antonia se manifestou nas redes sociais, questionando a veracidade do relato e mencionando que se referia à novela “Começar de Novo” e ao diretor Marcos Paulo, ex-marido da loira: “Triste saber que existem mulheres como você, dona Giselle Itié. Volta pro teu país, é o melhor que tu faz”.
Sentença civil e condenação
Giselle logo processou Fontenelle e obteve vitória em novembro de 2024. A juíza Bianca Nigri destacou primeiramente que as ofensas eram expressas e de cunho xenofóbico, enfatizando que a atriz não citou a novela ou o diretor na denúncia.
O advogado de Giselle explicou: “O crime de racismo ocorre toda vez que se nega direitos por cor, origem ou religião. Ao dizer ‘volta para o seu país’, ela está dizendo que mexicanos não são bem-vindos. A xenofobia é uma forma de racismo.”
O advogado de Antonia, por sua vez, alegou que a frase se referia a uma suposta fantasia de Giselle em relação a Marcos Paulo. O inquérito criminal, contudo, foi arquivado pelo Ministério Público, que não identificou crime.
Antonia comentou: “O Ministério Público arquivou definitivamente a acusação. O que houve de fato foi denúncia caluniosa. Ela ainda tentou me processar no cível pedindo R$ 50 mil. Vai trabalhar, filha.”
Desabafo de Giselle Itié
A atriz comentou que se sentiu desmotivada pelo processo criminal. “Fiquei, sei lá, desmotivada. Injustiça é a realidade do brasileiro. Fiz a denúncia não só por me sentir ofendida, mas por vivermos em um mundo de preconceito, machismo e xenofobia”, disse em entrevista ao UOL, reforçando a importância de denunciar condutas discriminatórias.
O caso segue repercutindo nas redes e na mídia, ressaltando debates sobre assédio, preconceito e reparação civil.
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