13 de dezembro de 2024

Análise: Como os Acordos de Israel Podem Ter Impactado o Ataque do Hamas

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Especialistas discutem o contexto por trás da ação do grupo palestino

O recente ataque surpresa do Hamas tem gerado debates sobre sua possível conexão com os acordos que Israel estabeleceu com nações árabes nos últimos anos. Especialistas que acompanham o conflito entre Israel e Palestina fornecem uma análise desse contexto.

Desde 2020, Israel assinou os Acordos de Abraão com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão, e estava em negociações para fechar acordos semelhantes com a Arábia Saudita, sob mediação dos Estados Unidos. Esses acordos visavam fortalecer os laços entre Israel e os países árabes, ao mesmo tempo em que isolavam o Irã, um aliado histórico do Hamas.

O cientista político e professor de Relações Internacionais Maurício Santoro acredita que o ataque do Hamas visa minar esses acordos e enviar uma mensagem ao povo israelense. Ele destaca que o ataque surpresa faz eco ao ocorrido 50 anos atrás, durante a Guerra de Yom Kippur, demonstrando que Israel nunca estará completamente seguro.

Além da mensagem política, os acordos de Israel com nações árabes que buscam normalizar as relações no Oriente Médio também podem ter motivado o ataque. Para Israel, esses acordos representariam uma base sólida entre países árabes para enfrentar seu principal adversário, o Irã.

Karina Stange Caladrin, assessora do Instituto Brasil-Israel, observa que o Hamas se opõe a esses acordos porque os vê como enfraquecimento da causa palestina e uma perda de aliados árabes. O Hamas ataca sabendo que Israel vai retaliar, usando as imagens do conflito para ganhar apoio internacional, especialmente no mundo árabe.

Robson Valdez, doutor em Estudos Estratégicos Internacionais da UFRGS, aponta que os acordos chineses no Oriente Médio, através dos investimentos na Rota da Seda, pressionam por uma maior estabilidade política na região, o que o ataque do Hamas contraria.

No entanto, a construção contínua de assentamentos israelenses também alimenta o conflito, e a comunidade internacional, incluindo os países árabes, tem sua parcela de responsabilidade na crise. A criação de um Estado palestino parece cada vez mais difícil enquanto o Hamas, financiado pelo Irã, permanecer militarizado.

Em resumo, o ataque do Hamas pode ser visto como uma resposta à consolidação dos acordos de Israel com nações árabes, à expansão dos assentamentos israelenses e às complexas dinâmicas regionais.