A iniciativa Amazônia+10, lançada em 2021 durante a COP26, tem dado resultados significativos para o desenvolvimento científico e a conservação da Amazônia Legal. O programa, que envolve um consórcio entre o estado de São Paulo e os nove estados da região amazônica, já mobilizou mais de 1.950 pesquisadores em 61 projetos financiados.
Os resultados foram apresentados na COP30, em Belém (PA), demonstrando como a ciência pode contribuir para soluções locais e políticas públicas mais eficazes. O evento, realizado no Museu Emílio Goeldi, reuniu cientistas, parceiros e representantes da sociedade civil.
Um “censo” realizado pela iniciativa revelou que 43% dos pesquisadores envolvidos são nativos da região amazônica, ligados a 171 instituições no Brasil e em outros seis países. Destacam-se as instituições paraenses (17%) e amazonenses (13%).
Resultados concretos
Desde 2022, a Amazônia+10 gerou 365 conteúdos acadêmicos e tecnológicos, incluindo artigos científicos (243), teses, dissertações, patentes e outros tipos de propriedade intelectual. Doze projetos já tiveram impacto direto em políticas públicas, e duas patentes foram registradas.
Entre os resultados já divulgados, um projeto importante monitora os impactos da usina hidrelétrica de Belo Monte sobre o rio Xingu. A iniciativa também tem apoiado o Ibama na definição de vazão ecológica e fortalecido o Monitoramento Ambiental Territorial Independente (MATI) na Volta Grande do Xingu, no Pará, um exemplo de ciência comunitária.
Pesquisadores do projeto também participaram de debates promovidos pelo Ministério Público Federal na Zona Verde da COP30, contribuindo com evidências científicas para discussões importantes.
“Esses resultados mostram a diversidade e o impacto positivo para a ciência brasileira e para as comunidades locais”, afirma Rafael Andery, secretário-executivo da Amazônia+10.
O programa, que já mobilizou R$ 162 milhões, conta com a participação das FAPs de 25 unidades da Federação e 16 parceiros externos. A primeira chamada de propostas priorizou projetos colaborativos, focados em estudos do território amazônico, das pessoas que ali vivem e no fortalecimento de cadeias produtivas sustentáveis. Cerca de 80% dos projetos apoiados envolveram atores não acadêmicos em seu planejamento e desenvolvimento, mobilizando mais de 8.700 participantes, muitos deles de comunidades locais.
Um exemplo notável é o trabalho realizado na região conhecida como ‘Cabeça do Cachorro’, no extremo noroeste do Amazonas, onde a iniciativa financiou três projetos que preencheram uma lacuna de pesquisa científica na área.
“É um modelo diferente e inovador, que tem se mostrado complexo, mas, ao mesmo tempo, eficiente”, destaca Marcel do Nascimento Botelho, presidente da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). “Tem uma conjunção de pesquisadores de diferentes partes do planeta com foco específico na Amazônia, conjugando conservação e as pessoas que nela vivem.”
Para 2026, a Amazônia+10 planeja abrir uma nova chamada de projetos com foco em desafios da sociobioeconomia na Amazônia Legal, incentivando o envolvimento de organizações socioprodutivas do território.











