Foto: Divulgação/Sepror AM
A Amazônia enfrenta um grande desafio: como garantir o desenvolvimento econômico e social da região sem comprometer a sua rica biodiversidade? Especialistas defendem que a resposta passa por um novo modelo que utilize os recursos naturais de forma sustentável, atribuindo valor econômico à floresta.
Para a geógrafa e amazonóloga Bertha Becker, a quinta revolução tecnológica brasileira será a da Amazônia. “O caminho tem como base o estímulo ao uso da biodiversidade como elemento estratégico de desenvolvimento regional”, enfatiza. É preciso equilibrar produção e conservação, buscando a sustentabilidade ambiental.
Samuel Benchimol, renomado pensador, já se opunha à ideia de internacionalização da região desde os anos 70. Ele defendia que o Brasil tem a capacidade e a responsabilidade de ocupar e desenvolver a Amazônia, utilizando a ciência e a tecnologia, sem destruir o meio ambiente. “Somos, afinal, um país de bandeiras e pioneiros que aprendeu desde cedo a enfrentar distâncias, a vencer dificuldades e a seguir generosos na vitória”, escreveu Benchimol.
Apesar de muitas promessas de recursos para combater incêndios e desmatamento, a realidade é que as ajudas financeiras raramente chegam ou são insuficientes. O Acordo de Paris, que previa a liberação de 100 bilhões de dólares por ano para países em desenvolvimento, ainda não viu nenhum centavo ser liberado.
Especialistas argumentam que ações pontuais para combater incêndios são paliativas. O que realmente faria a diferença seria um investimento significativo, entre 1 e 2 bilhões de dólares, em projetos de desenvolvimento em todo o complexo amazônico, com foco em áreas com potencial de crescimento em diversos setores.
O novo Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm, 2023-2027) é visto por alguns como excessivamente restritivo, atendendo a pressões internacionais e de ONGs. Críticos argumentam que o plano ignora as necessidades de uma população de 30 milhões de habitantes que busca crescimento econômico, educação de qualidade e bem-estar social. A falta de alternativas e a ausência de soluções para a regularização fundiária e o Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) também são apontadas como falhas do plano.
Para Osíris M. Araújo da Silva, economista e autor do artigo, o desenvolvimento econômico e social é a chave para a estabilidade geopolítica e a preservação ambiental da Amazônia.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).