O Amazonas registra a terceira maior taxa de insegurança alimentar do país, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa mostra que 38,9% dos domicílios amazonenses enfrentam algum grau de restrição alimentar.
O estado fica atrás apenas do Pará (44,6%) e de Roraima (43,6%) no ranking nacional. A pesquisa, parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua sobre Segurança Alimentar, avalia a capacidade das famílias de acessar alimentos em quantidade e qualidade suficientes.
A situação é ainda mais preocupante quando se considera a fome propriamente dita: 7,2% das famílias amazonenses relatam passar por essa experiência, um dos maiores índices do país, superado apenas pelo Amapá (9,3%).
A insegurança alimentar é mais comum em áreas rurais (31,3%) do que em áreas urbanas (23,2%). No campo, 4,6% das famílias enfrentam insegurança alimentar grave, em comparação com 3% nas cidades.
Maria Lúcia Vieira, pesquisadora do IBGE, explica que a vulnerabilidade nas áreas rurais está relacionada à renda menor e à composição familiar. “Mesmo com a produção de alimentos, muitas vezes o cultivo é restrito e não garante a quantidade e a variedade necessárias para uma alimentação adequada”, afirma.
Desigualdade Regional
A pesquisa aponta que as regiões Norte (37,7%) e Nordeste (34,8%) são as mais afetadas pela insegurança alimentar. No Norte, a proporção de famílias em situação grave é quase quatro vezes maior do que no Sul, que apresenta a menor taxa (1,7%).
Em termos absolutos, o Nordeste concentra o maior número de domicílios em insegurança alimentar (7,2 milhões), seguido pelo Sudeste (6,6 milhões), Norte (2,2 milhões), Sul (1,6 milhão) e Centro-Oeste (1,3 milhão).
O que é insegurança alimentar?
A pesquisa utiliza a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) para classificar os domicílios em quatro categorias: segurança alimentar, insegurança alimentar leve, insegurança alimentar moderada e insegurança alimentar grave. A segurança alimentar é definida como o direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer outras necessidades essenciais.
Melhora no cenário nacional
Apesar dos números ainda alarmantes no Amazonas, a pesquisa nacional aponta uma melhora em 2024, com redução em todos os níveis de insegurança alimentar em relação ao ano anterior. A diminuição representa 2,5 milhões de famílias que deixaram de passar por restrição severa de alimentos.