Foto: Divulgação/Aeroclube do Amazonas
O Aeroclube do Amazonas, em Manaus, é um dos mais tradicionais centros de formação aeronáutica da região. Fundado na década de 1940, no Aeródromo de Flores, o local se tornou um ponto de partida para pilotos civis, instrutores e apaixonados por aviação, além de ter contribuído para a expansão do transporte aéreo no interior do estado.
Com o crescimento da capital amazonense, o aeroclube acompanhou as transformações urbanas e tecnológicas do setor. A instituição preserva registros históricos que evidenciam sua importância na evolução da aviação no Amazonas, e em 2025 celebrará 85 anos de existência.
Origem e primeiros anos de operação do Aeroclube
O Aeroclube do Amazonas surgiu em um momento crucial para a aviação civil brasileira. Em entrevista ao canal Amazon Sat, o engenheiro civil e tesoureiro do Aeroclube, Francimar Sampaio, explicou que o empreendimento foi criado para suprir a demanda por pilotos, tanto para a Segunda Guerra Mundial quanto para a aviação civil.
“O aeroclube foi criado em 1940, em meio à segunda guerra mundial. Existia na época uma carência de pilotos para serem mandados pro front e também para a aviação civil”, afirmou Sampaio.
Nos primeiros anos, as operações eram realizadas em pistas simples, adaptadas para as aeronaves de pequeno porte da época. O objetivo inicial era oferecer treinamento básico, capacitar pilotos privados e disseminar a cultura aeronáutica entre os jovens interessados na área.
“O aeroclube também mantinha intercâmbio com instituições de outros estados, permitindo o avanço técnico e o compartilhamento de informações sobre segurança, meteorologia e navegação aérea”, destacou Francimar Sampaio.
Com o passar dos anos, o clube ampliou sua frota e estrutura, com a construção de hangares, salas de instrução, área administrativa e pista própria, fortalecendo sua presença no cenário da aviação regional.
Durante a segunda metade do século XX, o crescimento da aviação no Amazonas foi impulsionado pela necessidade de conectar os municípios do interior, muitos dos quais eram isolados pela densa floresta. Nesse contexto, o Aeroclube do Amazonas desempenhou um papel fundamental na formação de pilotos aptos a operar em condições desafiadoras e em pistas não pavimentadas.
O clube também promoveu eventos, demonstrações aéreas e ações educativas para aproximar a população da aviação, organizando sobrevoos panorâmicos e comemorações.
“O aeroclube ao longo desses 85 anos prestou serviços relevantes, não só ao estado do Amazonas, espalhando ‘seus filhos’ ao mundo inteiro”, defendeu Edmundo Mendonça, advogado da instituição.
O Aeroclube do Amazonas possui um acervo com fotografias, documentos, registros de voo, listas de instrutores e informações sobre aeronaves históricas que marcaram sua trajetória, considerados importantes para a preservação da memória da aviação civil no estado.
Possível mudança de endereço
Recentemente, o futuro do Aeroclube voltou a ser discutido devido a uma ação judicial movida pela Infraero, que busca retomar a administração do Aeródromo de Flores. A estatal alega que, desde que assumiu o controle do aeroporto em novembro de 2023, o Aeroclube não entregou a área e continua operando normalmente.
A possível desocupação do espaço tem gerado preocupação entre os administradores do clube, que alertam para o risco de desativação de outros aeroclubes em todo o país, em meio a mudanças na gestão dos aeroportos.“No momento, são 28 aeroclubes que estão sendo despejados. E em alguns lugares estão sendo implementadas atividades que não tem nada haver com a aviação e formação de pilotos. Nisso são escolas de aviação que vão acabando”, declarou Francimar Sampaio.








