Foto: Marcos Vicentti/Secom AC
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados do Censo Demográfico 2022 que mostram um aumento significativo da diversidade étnica no Acre. O estado registrou um crescimento de 40,35% no número de etnias indígenas entre 2010 e 2022, saltando de 57 para 80.
A Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas do Acre (Sepi) atribui esse resultado positivo às políticas públicas focadas na demarcação de terras e no fortalecimento das línguas maternas, consideradas fundamentais para garantir os direitos dos povos originários.
Os dados do Censo também revelam que 63,79% dos indígenas acreanos entre 2 e 19 anos ainda falam a língua de seus antepassados em casa. Em números absolutos, são 10.048 jovens que mantêm essa importante conexão cultural.
No total, o Acre abriga 29.520 pessoas indígenas com 2 anos ou mais de idade, sendo que 15.752 pertencem à faixa etária de 2 a 19 anos.
Acre se destaca no cenário nacional
O Acre ocupa uma posição de destaque no Brasil como o estado com a maior proporção de jovens indígenas que continuam a falar suas línguas nativas. Mais da metade (55,18%) dos falantes de línguas indígenas no Acre estão nessa faixa etária, mostrando o papel crucial da juventude na preservação cultural.
Apenas sete estados brasileiros apresentam números semelhantes, com mais da metade da população indígena jovem utilizando as línguas indígenas no ambiente doméstico.
Valorização cultural e compromisso contínuo
O crescimento da população indígena no Acre reforça a necessidade de investir em políticas públicas que protejam os territórios e valorizem a cultura dos povos originários. A secretária dos Povos Indígenas do Acre, Francisca Arara, enfatiza a importância de dar continuidade e aprofundar as ações já implementadas.
“O aumento da população indígena no Acre significa que, no futuro, precisaremos garantir a demarcação de mais terras para esses povos. É fundamental que existam políticas públicas que permitam que os indígenas vivam em seus territórios com dignidade, com acesso à tecnologia, energia limpa, segurança alimentar e, principalmente, com a participação de jovens e mulheres nas decisões”, declarou Francisca.
Ela ressaltou que o estado tem se dedicado a fortalecer a identidade cultural dos povos indígenas, com iniciativas de resgate linguístico e promoção da diversidade. “No passado, os povos indígenas eram forçados a abandonar suas línguas para falar apenas português. Hoje, através da educação escolar indígena bilíngue, intercultural e diferenciada, estamos recuperando esse direito”, explicou.
Francisca também destacou o papel fundamental dos avós, pais e tios na transmissão das línguas indígenas para as novas gerações. “Falar a língua indígena é um ato de resistência, é manter viva nossa gramática, nosso alfabeto, nossas consoantes. É um trabalho que envolve professores indígenas e escolas que valorizam nossa cultura.”
O governador Gladson Camelí também reforçou o compromisso do estado com as comunidades tradicionais. “Respeitar os povos indígenas é respeitar a história do nosso estado. Nosso governo tem trabalhado para garantir que esses povos tenham voz, território e dignidade. Eles são parte essencial da nossa identidade acreana”, afirmou.
*Com informações da Agência Acre











