As ações da Cosan registraram uma queda de 18% nesta segunda-feira (22) após o anúncio de uma capitalização de até R$ 10 bilhões. A operação, destinada à renegociação e quitação de dívidas, busca reduzir a alavancagem financeira e fortalecer a governança do grupo, embora implique em diluição para os acionistas existentes.
Contexto da Cosan
A Cosan é um dos maiores conglomerados empresariais do Brasil, atuando em setores estratégicos como energia, logística e agronegócio. A companhia controla empresas como Rumo (logística ferroviária), Compass (gás natural), Moove (lubrificantes) e detém participação na Raízen, joint venture com a Shell, consolidando sua importância na infraestrutura e no mercado energético nacional.
Apesar da operação não envolver capitalização direta na Raízen, a notícia impactou negativamente as ações da joint venture, que também apresentaram queda de 7,75%.
Impacto no Mercado Financeiro
A forte queda das ações da Cosan liderou as perdas do Ibovespa, que recuou 0,52% na mesma sessão. A Cosan chegou a ser negociada a R$ 5,63 durante o dia, representando uma perda de valor de mercado de quase R$ 3,5 bilhões em comparação com a sexta-feira anterior.
Estratégia de Desalavancagem
Executivos da Cosan defenderam a capitalização como um passo crucial para reduzir o endividamento, que atingiu R$ 17,5 bilhões no segundo trimestre. A entrada de novos sócios proporcionará à empresa maior flexibilidade para realizar desinvestimentos de forma mais estratégica, aproveitando condições de mercado mais favoráveis.
De acordo com o CEO da Cosan, Marcelo Martins, a operação permite à empresa ganhar tempo para definir uma estratégia de desinvestimento otimizada, buscando condições de mercado mais adequadas para a venda de ativos. A companhia também enfatiza que esta não é a única medida de desalavancagem, e a busca por sócios para a Raízen continua.
Detalhes da Operação
O acordo prevê duas ofertas públicas de ações. A primeira oferta consiste na venda de 1,45 bilhão de ações ordinárias, com possibilidade de acréscimo de 25%. Investidores-âncora se comprometeram a adquirir todo o lote mínimo por R$ 5 por ação, garantindo R$ 7,25 bilhões. A segunda oferta poderá incluir até 550 milhões de ações adicionais, também a R$ 5 por ação, sem período de *lock-up*.
A Aguassanta, veículo de investimento do acionista controlador Rubens Ometto, manterá sua participação controladora na Cosan, com 50,01% das ações vinculadas ao acordo. O novo acordo de acionistas terá validade de 20 anos, garantindo estabilidade na governança da companhia.
A entrada do BTG Pactual e da Perfin Infra como novos acionistas é vista como um fortalecimento da governança, trazendo expertise e alinhamento com a visão de longo prazo do controlador.