Informação é com a gente!

12 de julho de 2025

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A pandemia multiplica e renova a triste rotina dos cemitérios

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Para vencer a dolorosa demanda provocada pelo coronavírus, coveiros e administradores reinventam um ofício que poucos buscam conhecer

 

Por Eduarda Dejan

Seu Dimas, trabalhando no setor livre de Covid, conhecido como “Área Outras Causas”

“Medo, a sensação é de medo. Porque na medida que essa doença se aproxima das pessoas que a gente conhece, a gente entende que tá se aproximando da gente, também. Então o sentimento é de medo”. O desabafo é do Seu Dimas Lopes da Silva, 51 anos, e coveiro há 15. Ele trabalha no maior cemitério de Porto Velho, o Santo Antônio, que desde a sua fundação, em 1975, cresceu de forma exponencial. Seu Dimas relata dias cansativos, desde o surto da Covid-19 na região. Com rotina intensa, conta não poder atrasar, já que, ao chegar no local de trabalho, já existem famílias para enterrar seus entes queridos. E assim, enterra cerca de oito a quatorze pessoas por dia. A demanda é grande.
O acreano de Rio Branco veio para a capital rondoniense há exatos 15 anos, com esposa e filhos. A ideia era uma condição de trabalho melhor, já que na cidade natal a sua única fonte de renda vinha da agricultura. Hoje, sua rotina de trabalho intenso começa às 8h. As covas já precisam estar prontas desde o dia anterior para então só aguardar a chegada de mais corpos.

Média

O administrador do cemitério, Gilbson Moraes, de 40 anos, lembra que antes do caos na saúde pública, a média de sepultamentos girava em torno de 1,5 mil a 1,6 mil sepultamentos anuais, e cerca de 150 sepultamentos/mês. Desde o início de março de 2020, esses números ficaram para trás. Em um ano de pandemia, o gerente conta já ter feito 2.574 sepultamentos. Quase o dobro, em relação a anos anteriores. A Covid-19 agravou ainda mais a situação do Cemitério Municipal, que antes do cenário pandêmico, já passava por problemas de lotação. A Subsecretaria Municipal de Serviços Básicos já realizava estudos para criação de um novo cemitério, através de concessão para administração e manutenção do já existente cemitério Santo Antônio.

O terreno que
virou cemitério
Um sistema arcaico que hoje está sendo modernizado

Foi decretado estado de calamidade pública, e pelo cemitério já sofrer com a então lotação no terreno, a alternativa foi derrubar árvores do terreno ao lado para suprir com a alta demanda de óbitos, que estavam vindo dos hospitais do município e distritos. Após o domínio por parte da prefeitura, sobre o terreno, alguns supostos donos da área começaram a aparecer, mas nenhum com documentação comprobatória, até então. Assim, todos foram orientados a buscar seus direitos.
O terreno foi aberto exclusivamente para a “área Covid”, como é popularmente conhecido. Todo sepultamento causado pelo vírus, é realizado naquele espaço, já que nenhuma das pessoas que morrem em consequência da Covid pode ser sepultada em jazigos, sepulturas e gavetas comuns, justamente por não se saber ainda, a respeito dos riscos biológicos da doença.

Do cansaço
corporal à exaustão mental

“Muito trabalho, sufocante, não por pouco número de pessoas trabalhando, mas pela sobrecarga de trabalho que aconteceu de uma hora ora outra. Aconteceu até algumas questões de chateação, de muito estresse, mas isso aí, aos poucos fomos nos adaptando à realidade” explica o administrador sobre a sobrecarga abrupta a que os servidores foram expostos. O trabalho que antes era realizado 100% no braço ficou mais ágil com a chegada de uma minicarregadeira. E Morais explica: “coisa que dois coveiros faziam em 15, às vezes 20 minutos, com a máquina, em menos de cinco minutos já é feito o sepultamento”.

Horários

Não só o braçal, mas o trabalho administrativo também precisou se adaptar à Covid. Morais julga como arcaica a forma como ocorriam os sepultamentos antes, já que não existia qualquer controle sobre quantos ocorreriam no dia, e até mesmo horários em que as famílias chegariam. Levados ao estresse pela rotina intensa, os servidores remeteram à secretaria a necessidade de implementação de um sistema que comunicasse a central de óbitos ao cemitério. Após as 16h, a administração já sabe que mais nenhum sepultamento será encaminhado ao cemitério, a não ser que seja covid, explica Moraes: “o nosso atendimento é até as 18 horas, né, então deu 17 horas e não veio, a gente liga: funerária, vai vir hoje? Não, só amanhã. Beleza. Mas antigamente, não, nós ficávamos de braços cruzados, sem saber, não ter informação nenhuma de quantos sepultamentos íamos ter”.

Normal… não é!

No segundo pico da doença no Estado, onde apenas 0,77% da população foi imunizada com a 2° fase da vacina, os trabalhadores do cemitério começam a desacelerar, já que boa parte da demanda, está sendo transferida para outros cemitérios particulares da cidade, além de outros municípios e distritos.

Psicológico

Em um momento tão sensível, em que todos estão vulneráveis, o aspecto psicológico preocupa. Edvaldo Narciso Morais, 47 anos, atua há seis no Cemitério Municipal de Candeias do Jamari. As pessoas que estão de fora tem essa visão com a gente que trabalha com isso, de que necessitamos de apoio psicológico porque aumentou a demanda por causa de uma pandemia, mas a gente já está acostumado, nada é novo. A gente só sente pelo governo não valorizar a gente, pois nenhum médico infectologista veio aqui dentro falar para gente como ter cuidado com os corpos e o quanto isso pode ser perigoso. Só gostaria que tivesse mais informação sobre como a gente deve se cuidar aqui dentro, porque isso não é normal”. O cemitério de Candeias do Jamari, município de aproximadamente 20.000 habitantes, está superlotado mas continua a receber novos sepultamentos todos os dias. O terreno de 20 mil metros quadrados já não é mais suficiente, e recebe, inclusive, pessoas que morrem em outras cidades, e que por serem naturais do município, têm seus translados feitos pelos familiares para uma última despedida.

Não dá para se acostumar com isso

Seu Luís Salomão faz sepultamentos há 36 anos

No Cemitério Municipal de Porto Velho, há aproximadamente 90 mil restos mortais enterrados. Ainda não há como saber o quantitativo exato, já que os dados não são contabilizados. Seu Luís Salomão Teixeira Malha, 55 anos, está há um ano na “área covid” do cemitério. O agente já perdeu sete irmãos para a doença, além de muitos colegas. Para o coveiro, o que resta é a esperança do retorno à normalidade: “É difícil, a gente que tá em contato todos os dias, né, muitas vezes a pessoa é amiga da gente. Não tem outra palavra, a gente sente medo. Quando eu cheguei aqui tinha em torno de três mil pessoas enterradas, hoje já não tem mais espaço”. Pai de nove filhos, Luís Salomão, com experiência de 36 anos conduzindo pessoas para suas últimas moradas, diz já não suportar mais tanta dor, mas segue com a esperança de ver seus dez netos vivendo sem a sombra do vírus.

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