Por: Victoria Ângelo Bacon
O clássico “Raízes do Brasil”, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, ao falar do homem cordial como uma marca indestrutível do caráter brasileiro (cordial não quer dizer para ele bondoso, mas retrata principalmente os que agem movidos pela emoção e não pela razão), desdobra-se também sobre o que chama de “personalismo” do cidadão brasileiro. No Brasil, diz Holanda, as pessoas cultuam o mérito pessoal (é o popular “cada um por si”), em vez do trabalho coletivo. O individualismo exacerbado se reflete, na análise do historiador, em organizações sociais e governos frágeis.
De Collor aos Anões do Orçamento, dos Anões do Orçamento ao mensalão, e do mensalão ao petrolão e Lava Jato, foram 25 anos (bodas de prata!) em que escândalos de corrupção deceparam presidentes, cassaram parlamentares, arruinaram reputações — mas também fizeram luzir no horizonte um raio de esperança. O Brasil, que com Collor foi ao fundo do poço, mais para baixo não poderia ir. E, no entanto, vieram os Anões do Orçamento.
Falar mal do Brasil é um dos esportes preferidos da nação. Sempre foi assim. Sobre o País, o jurista, político e escritor Ruy Barbosa disse o seguinte lá no século XIX: “De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar diante da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” O que Barbosa disse não é muito diferente do sentimento de desencanto revelado pelos brasileiros na pesquisa da BrandAnalytics.
Os últimos bastidores do Brasil revelara-nos o quanto o descrédito nas instituições está em alto. Do Pode Judiciário até o “fura fila” do banco, as instituições e as pessoas estão fadadas a um país que se transformou num labirinto de incertezas onde o Mundo não se importa conosco porque somos o resultado da nossa própria desgraça.
Dívida sem honra
A Assembleia Legislativa homologou o pedido do governador Daniel Pereira acerca da dilatação da dívida do Estado de Rondônia com a União Federal (dívida do Beron). Com isso, o tesouro rondoniense terá até 2048 para pagar mais de 7 bilhões de reais em dívidas. Triste e extremamente preocupante a notícia. Precisa-se urgente penalizar os causadores dessa dívida, que não é nossa.
Tripé
A estranhíssima eleição de 2018 será decidida com base num tripé. Máquina partidária, espaço na TV e o mundo digital. É impossível dizer que peso cada pé terá. Mas dá para afirmar que os dois líderes das pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSL), têm as duas redes mais bem construídas. Ou seja, com mais engajamento. Um veterano da internet brasileira que também tem por hábito seguir de perto a política digital está acompanhando esta construção faz mais de um ano. E ele tem algumas conclusões.
Ascensão financeira
Em 12 anos, Jair Bolsonaro aumentou o seu patrimônio em R$ 1,85 milhão, ou seja, 427%. O candidato à Presidência pelo PSL teve sua lista de bens liberada pelo TSE. O total do seu patrimônio é de R$ 2.286.779,48. Em 2014, quando concorreu a deputado federal, Bolsonaro declarou R$ 2.074.692,43. Quatro anos antes, em 2010, quando concorreu ao mesmo cargo, o total de bens do capitão era de R$ 826.670,46.Em 2006, era de R$ 433.934,48.
Linha dura
O TSE tem sete ministros em sua composição. Três deles são originários do STF (Supremo Tribunal Federal), há duas vagas destinadas para o STJ e outras duas para advogados. No início deste ano, os titulares do TSE eram Gilmar, Fux e Rosa Weber. Gilmar e Fux foram substituídos no tribunal por Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. Com a nova composição, o TSE terá um perfil mais “linha-dura” durante o período eleitoral.