19 de abril de 2024

Cortina de fumaça é criada para encobrir reajuste abusivo da conta de luz em Rondônia

peixe-post-madeirao-48x48

Cortina de fumaça é criada para encobrir reajuste abusivo da conta de luz em Rondônia

peixe-post-madeirao

Sabe aquelas situações em que parece que a gente está sendo feito de bobo?

Pois então. O consumidor rondoniense pode se sentir assim, em relação ao preço da energia elétrica no estado, pois é assim que está sendo tratado.

Na segunda-feira, dia 11, o presidente do Grupo Energisa, Ricardo Perez Botelho, foi recebido pelo governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha, para explanar seu plano de investimento no estado, como se fosse uma atitude altruísta da empresa, que estaria “pensando no bem-estar dos 639.040 clientes no estado”.

Pois bem: trata-se de uma “pseudo-boa” notícia.

Os investimentos no estado são uma obrigação da empresa, assumido no ato da assinatura do contrato de Concessão das Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) com o Grupo Energisa, vencedor do leilão de privatização da companhia, realizado no dia 30 de agosto do ano passado.

Desconto

Venceria a disputa quem ofertasse o maior desconto de tarifa (deságio), em cima de um reajuste concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e, um aporte de R$ 253,8 milhões para investimentos em melhorias no sistema de distribuição no estado.

As tarifas deveriam ficar 1,75% mais baratas em Rondônia.  O ministro de Minas e Energia, à época, Wellington Moreira Franco, disse que “o objetivo do leilão foi criar condições para que o custo final da energia ao consumidor seja cada vez mais justo”. (SQN)

Reajuste

Mas em vez de receber o prometido desconto no valor da energia, o consumidor rondoniense já recebeu os boletos, referentes a  janeiro, com reajuste médio de 25%.

O reajuste foi contestado por diversos órgãos e por setores produtivos, com as pequenas e microempresas no estado, que teve reajuste de 27,5% na conta de energia. O setor que corresponde a 94% dos CNPJ’s de Rondônia, poderá demitir 7 mil trabalhadores. Afinal, o dinheiro para pagar o custo adicional com energia deve sair de algum lugar. Certo? 

Na reunião com o governador Marcos Rocha, o presidente da Energisa reclamou que mais de 28% da energia é perdida, somando furtos e as perdas técnicas.

Então se a Energisa evitasse os “Gatos” não precisaria reajustar a energia?

Mas quem deve estancar a sangria que causa prejuízo à empresa distribuidora é ela própria. De outra forma, a empresa estaria punindo o consumidor honesto. 

Mas em vez disso, o consumidor tem pago pela ineficiência da empresa em distribuir e coibir o roubo de energia.

Responsabilidade

Ora, de quem é a responsabilidade de evitar que a minha empresa seja fraudada?

O que acontece é que a Energisa quer recuperar as perdas, pela própria ineficiência, cobrando de quem não deve. Dos consumidores corretos, e que estão absolutamente reféns da empresa.

Se evitasse o roubo de energia, só em ICMS, o Estado receberia R$ 86 milhões, entre 2019 e 2021. Ou seja, essa seria mais uma razão para o estado pressionar a Energisa a trabalhar direito.

Silêncio

No início, quando foi autorizado o aumento abusivo da energia em Rondônia, o governo do estado até se manifestou contra.

Mas estranhamente há um silêncio ensurdecedor vindo do palácio Rio Madeira.

Silêncio esse quebrado pela pseudo-boa notícia anunciada nesta semana pelo presidente da Energisa, ladeado ao governador.

No entanto, a verdadeira boa notícia que esperávamos e, que nos contentaria, seria o anúncio da revogação do aumento da tarifa.

Na verdade, esperávamos que o governador defendesse seus governados. 

Apenas a produção de energia, a partir das hidrelétricas de Rondônia, é capaz de abastecer 45 milhões de pessoas, algo em torno de 30 vezes a população do estado.

Alguém, em pleno uso das faculdades mentais, julga razoável pagarmos a energia mais cara do país, quiçá do planeta?