Gasodá, atualmente com 39 anos, se candidatou à bolsa de estudos por meio do edital de chamada pública 009/2016 com ampla concorrência no processo seletivo e ficou com a quinta colocação no Programa de Pós-Graduação em Geografia da universidade, dando início à pesquisa “Paiterey Kãrah: a terra onde os Paiterey se organizam e realizam a gestão coletiva do seu território”. A defesa da tese será no próxima sexta-feira (7), na Escola Indígena de Ensino Fundamental e Médio Izidoro de Souza Meirelles, localizada na aldeia, na Linha 9, quilômetro 45 da Terra Indígena Sete de Setembro, na cidade de Cacoal.
Segundo o professor Adnilson de Almeida Silva, orientador de Gasodá, a graduação do indígena é em Turismo e, além disso, a formação escolar foi através da Educação para Jovens e Adultos (EJA), o que poderia ter sido uma barreira para o desenvolvimento do mestrado. “Para minha surpresa, ele superou todas as dificuldades e conseguiu captar todas as orientações sobre o direcionamento que eu dava sobre a estrutura da pesquisa. Queria eu ter mais alunos como Gasodá”, declarou o orientador.
Segundo Gasodá, quando ingressou no curso, logo outros indígenas da aldeia se interessaram também. “Atualmente são uns quatro outros Suruís também fazendo o mestrado. Temos que lutar pelo nosso espaço na sociedade, porque só assim teremos mais força, e a educação é o caminho. O nosso sonho é que toda a nova geração se forme e busque cada vez mais qualificação. Não é impossível, basta acreditar”, concluiu.
O presidente da Fapero, Francisco Elder, enfatiza que o discente concorreu em pé de igualdade ao processo seletivo, sem cotas ou privilégios, mas por mérito alcançou à bolsa de estudos, que foi fundamental para que o indígena conseguisse se manter na capital, já que estava longe de sua aldeia e cidade. “É um marco muito importante, esse é o verdadeiro povo de Rondônia. A evolução do apoio no estado a ciência, tecnologia e inovação já está dando resultado como esse, incluindo comunidades que normalmente ficam fora por falta de acesso”.
O professor explica que a bolsa possibilita o sustento do discente e todo o trabalho de pesquisa. “Eu acompanhei, ainda fiquei 10 dias lá na aldeia com ele. E o interessante é que, apesar de haver outras pesquisas sobre o povo, não havia nenhuma com o olhar de um indígena da própria etnia. A dele parte do ponto de vista da vivência, cultural e acima de tudo do ponto de vista geográfico. Eu fiquei muito feliz de ter trabalhado com ele”