Alto consumo e estiagem disparam preço do leite nos supermercados

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Alto consumo e estiagem disparam preço do leite nos supermercados

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Quem chega nas prateleiras dos supermercados em Rondônia está levando um susto ao se deparar com o aumento no preço do leite. A caixa de 1 litro do leite UHT chega a custar R$ 6 em alguns alguns estabelecimentos do estado. E essa alta gerou muitas reclamações nas redes sociais. E não só isso: outros produtos como o queijo (muçarela e prato, principalmente), e até o leite em pó também tiveram reajuste de julho para cá.
O preço do leite pago ao produtor em RO, está na média R$ 1,80. Até o início do ano, o valor girava em cerca de R$ 1.

Fatores

Segundo o diretor técnico da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater), Anderson Kühl, a baixa disponibilidade de pastagens em decorrência da falta de chuvas provocou queda na produção e aumento dos preços aliado ao aumento no consumo nas classes mais baixas e também à procura maior por itens de supermercado — esse último ligado diretamente à quarentena e ao isolamento social relacionados ao coronavírus.
Anderson explica ainda que a produção estadual caiu com o período de estiagem em Rondônia. Com menos chuva, a pastagem seca e o gado tem menos acesso a alimento. A consequência do aumento do custo de produção e menos leite disponível no mercado é a pressão sentida no preço pago pelo consumidor final.
“No período das águas para nós aqui de Rondônia, de outubro a abril, é onde nós concentramos o maior volume de capim em quantidade e qualidade. No período de maio a setembro é o período onde tem uma queda de 90% na quantidade e na qualidade. Como diminui a qualidade do capim e a quantidade ofertada dos animais, a produtividade do animais é baixa. Porque você tem uma quantidade de volumoso que é ingerido por dia”, diz o diretor
Outro fator foi o aumento do consumo em meio à pandemia e a redução na importação do Uruguai e Argentina, o que gerou maior demanda sobre o leite brasileiro.
Produção em Rondônia
Conforme a Emater, as duas maiores bacias leiteiras do estado ficam na região de Jaru/Ouro Preto do Oeste e Nova Mamoré. A maior parte dos laticínios se concentra na região central.

Valorização

Segundo o diretor técnico, o mercado em Rondônia se baseia muito no preço dos produtos e, por isso, no ano passado havia uma tendência de queda no número de produtores, mas com a valorização do produto neste ano, muitos reingressaram na cadeia produtiva.
Cerca de 70% da produção de leite em Rondônia é transformada em queijo mussarela e abastece os mercados de São Paulo e Amazonas. O restante é consumido internamente, principalmente como leite fluido (caixinha ou barriga mole).

Momento bom para o produtor? Quem não fez planejamento está com um custo de produção maior e não consegue aproveitar o momento de alta nos preços pagos pelos laticínios.
“Está sendo bom para aqueles produtores que tiveram planejamento estratégico e se organizaram pra esse período da seca. Produziram uma silagem de milho, armazenaram e tem o que tratar o animal, ou mesmo um capim elefante cortado, triturado pra fornecer no coxo”, explica Anderson.

Projeções

Kühl acredita que há a possibilidade de uma queda de 15% no preço do leite a partir de outubro, com o início do período chuvoso e melhor oferta de pasto. Entretanto, a normalização só deve ocorrer em janeiro.
No último dia 2 de setembro, o governo do estado publicou um decreto que aumenta a taxação de imposto sobre o leite de outros estados e diminui a carga sobre a produção local.
Anderson sugere que os produtores se planejem para a próxima seca em 2021 para conseguir aproveitar o cenário de preços melhores.
“Mais a questão de comprar insumos estrategicamente, porque hoje se tem um milho a quase R$ 70 o saco e esse milho já custou R$ 35 em janeiro. Então o produtor tem que se habituar a fazer compras estratégicas, em grupo e procurar diminuir os custos internos, da porteira pra dentro”, aconselhou. Fonte: SGC/G1