Proporção da população com anticorpos aumenta 50% em 14 dias

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Proporção da população com anticorpos aumenta 50% em 14 dias

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A proporção da população com anticorpos para o coronavírus aumentou em 50% em duas semanas, de acordo com estudo conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) em mais de cem cidades de todos os Estados brasileiros. Os pesquisadores afirmam que o dado é um indicativo de que o total de pessoas que já tiveram a doença no Brasil está na casa dos milhões, e não dos milhares – oficialmente o Brasil tem 805 mil casos confirmados.

Em Boa Vista, patamar chegou a 25%. (Foto: Renato Luiz Ferreira / Estadão)

Entre os dias 4 e 7 de junho, os pesquisadores conduziram a segunda fase do estudo por meio de 31,1 mil entrevistas e testes para o coronavírus. Em 120 cidades, o que incluiu 26 das 27 capitais, foram testadas ao menos 200 pessoas selecionadas por sorteio. Em 83 cidades, mais de 200 pessoas foram testadas nas duas fases do estudo.

Nesses municípios, a proporção da população com anticorpos aumentou de 1,7%, na fase 1, para 2,6%, na fase 2 (com variações de 1,5% a 1,8% na fase 1 e de 2,4% a 2,8% na fase 2 pela margem de erro da pesquisa). Isso equivale a um aumento de 53%, o que os pesquisadores consideraram “estatisticamente significativo” e “inédito em estudos similares”.

“Por exemplo, na Espanha, estudo semelhante indicou aumento de apenas 4% entre as duas etapas da pesquisa”, compararam os pesquisadores, de acordo com nota oficial divulgada pela Ufpel.

Os especialistas ressaltam que os resultados não devem ser aplicados para todo o País nem usados para estimar o número absoluto de casos, uma vez que os testes ocorreram em cidades populosas, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde. “A dinâmica da pandemia, portanto, pode ser distinta da observada em cidades pequenas ou em áreas rurais”, ponderaram.

Os dados mostram que as diferenças entre as regiões são marcantes. As 15 cidades com maiores prevalências, detalha a universidade, incluem 12 da Região Norte e três do Nordeste (Imperatriz, Fortaleza e Maceió). Na Região Sul, segundo eles, nenhuma cidade apresentou prevalência superior a 0,5%, e, na Região Centro-Oeste, apenas três cidades superaram esta marca (Brasília, Cuiabá e Luziânia).

“Esse resultado confirma que a Região Norte tem o cenário epidemiológico mais preocupante do Brasil, o que já havia sido mostrado na primeira fase da pesquisa”, informou a nota da Ufpel.

Entre as capitais, também foram notadas disparidades. Em Boa Vista, a proporção da população que tem ou já teve a covid-19 foi estimada em 25%. Em outras cinco capitais, a porcentagem é maior que 10%: Belém, Fortaleza, Macapá, Manaus e Maceió. “Das 10 capitais com percentuais mais altos da população com anticorpos, quatro são da Região Norte, cinco são da Região Nordeste e um da Região Sudeste.”

A pesquisa destacou também o caso do Rio de Janeiro, onde a proporção estimada de pessoas com anticorpos aumentou de 2,2% para 7,5%. Em Maceió, o aumento foi de 1,3% para 12,2%. Em Fortaleza, o aumento foi de 8,7% para 15,6%. Fonte: Estadão